Por: Kadu Marques
O dia 8 de Março é o Dia Internacional da Mulher, dia de homenagear todas as mulheres que fazem de nossa vida um mundo cheio de alegrias e esperanças. É um momento para se comemorar um dia destinado á elas com alegria e festa, mais uma triste realidade ainda é vivida por elas, mulheres que vivem nas ruas, ou neste caso na quadra coberta de esporte no Del Lago Itapoã.
Esta mulher desprovida de sorte vive em baixo da arquibancada em meio a sujeira e ao mau cheiro, filha de uma vida desgraçada, passa o dia caminhando, comendo as sobras e o podre dos outros. É dureza caminhar tanto, suplicar tanto para chegar ao fim do dia conseguirem comer um pouco de lixo. E os responsáveis por isso, por este lindo quadro patriota, passam sem olhar. Não interessa olhar para desgraça. Todos querem ver uma cidade bonita, limpa, arborizada e florida; quanto mais florida, melhor! Escondendo o horror e as sujeiras em baixo do tapete. Se andar pelas ruas do Distrito Federal o que mais se vê é gente dormindo pelos cantos, enfiados em buracos ou em caixas de papelão, num canto debaixo de qualquer coisa que se pareça com teto. Vivem como ratos; mas são os moradores de rua: um dia aqui, outro ali… Caminham e procuram por um canto até terem a certeza do sossego. E contam com a sorte de não serem importunados por gente sem piedade.
E nós, os mais sortudos, damos de cara com este mundo cão, um mundo que saltou da condição de pobreza, para a indigência, porém, muitas vezes ainda botamos banca, achando que ver isso é desagradável. Desagradável é pouco: é desumano tanto descaso.
Mas a solução não está em nossas mãos: o brasileiro trabalha meio ano para pagar imposto e o que vemos é isto. De nada adianta a população sair a distribuir uns trocados; isto nós fazemos. E não soluciona, nem minimiza nada. O problema está lá – no topo. Na Ilha da Fantasia. Pelas ruas, mãos humilhadas se estendem; tocam-nos e suplicam. Já conhecem o que é desprezo, o que é fome, o que é sede, o que é martírio. Conhecem um lado da vida que nós não conhecemos. Banheiros e chuveiros não existem para os moradores de rua. E como é que fica? Algum político já deu alguma solução? Não: lugar de fazer as necessidades fisiológicas fica a quilômetros, subindo os morros, na mata. E olha lá.
Então vem a pergunta que não cala: por que esta gente não arruma um emprego? Por que ficam pedindo, ao invés de trabalharem? Ora… Como resolver este problema se esta gente é solitária, doente, desamparada, sem escolaridade… Não há interesse político voltado para todos eles; não temos uma ação social eficaz. E outras pragas mais. O dinheiro é para outros fins. Dá pra entender que somos um país em dificuldades; só não deu pra entender, ainda, que um país continental como o nosso, com tanta gente miserável morando nas ruas, com milhões de pessoas passando fome, que ainda se escute que não há verba suficiente para matar a fome do povo e lhes proporcionar um teto.
PORÉM…
Para meu espanto, de uma hora pra outra surgem milhões de nossas reservas para mandar pra fora do país… Fazendo bonito com o sacrifício de nossa população indigente, que come capim e faz sopa de papelão e jornal. Sei que é um enorme problema social, mas seguindo meu bom senso, teríamos de resolver, primeiro, os problemas da nossa gente: dar comida e teto para o Brasil. Mas não é bem assim: existem as negociações! E, enquanto os homens ficam trocando figurinhas, nossa gente que esperem, que continue a comer lixo.